Carlos Bolsonaro ataca GSI e abre nova crise com militares

Nas redes sociais, Carlos Bolsonaro já fez diversas críticas aos militares que integram o governo Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Crítico frequente de oficiais que integram o governo, filho ’02’ do presidente agora mira um dos principais conselheiros do pai, Augusto Heleno, que chefia o Gabinete de Segurança Institucional

O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSC), “filho 02” do presidente da República, usou suas redes sociais nesta segunda-feira, 1, para atacar mais um general do governo Jair Bolsonaro. Depois de Hamilton Mourão e Santos Cruz, o alvo da vez foi o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, general Augusto Heleno.
Sem citar o nome do ministro, Carlos levantou suspeitas sobre a conduta do GSI no episódio que levou à prisão o segundo-sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues, flagrado na Espanha com 39 kg de cocaína em voo da Força Aérea Brasileira (FAB). O fato marca mais um capítulo dos ataques da ala ideológica contra a ala militar do governo.

Bolsonaro disse que “ímpeto” do filho foi contido
Nesta quarta-feira, presidente Jair Bolsonaro evitou comentar publicações feitas Carlos nas redes sociais. “Não, não, não. Pergunta pra ele”, disse ao ser questionado sobre publicações do filho no Twitter, sem deixar a pergunta ser concluída. Bolsonaro foi indagado por jornalistas justamente ao chegar para um almoço no Ministério da Defesa. A informação oficial é que o encontro foi marcado para tratar de assuntos de rotina.

No mês passado, no entanto, Bolsonaro disse que o “ímpeto” de seu filho Carlos foi contido e que “há mais de dois meses” não há influência dele nas “mídias digitais”. O vereador cuidava das contas de Bolsonaro nas redes sociais durante a campanha e seguiu administrando a comunicação do pai após a posse como presidente.

Carlos teve desentendimentos públicos com o ex-ministro Gustavo Bebianno, que acabou demitido da Secretaria-geral da Presidência. Também chegou a usar as redes sociais para criticar o ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz, demitido no mês passado por Bolsonaro da Secretaria de Governo. O presidente negou, porém, que Carlos tenha tido influência na demissão do general. “Nada a ver. Há quanto tempo meu filho está sem tuitar?”, disse.

Alvo de ataques do escritor Olavo de Carvalho e do vereador Carlos Bolsonaro, Santos Cruz integrava o núcleo duro do Palácio do Planalto e foi o primeiro ministro militar a cair. Santos Cruz deixa a equipe sob desgaste, após ser criticado pela rede bolsonarista, insuflada pelo “filho 02” do presidente.

O general tinha nas mãos a chave do cofre da Secom e era ele quem comandava a liberação dos recursos. Sua posição considerada “linha dura” com a distribuição da verba incomodava tanto os políticos como a equipe econômica. A última briga que ganhou os holofotes ocorreu em maio, quando Santos Cruz vetou parte do orçamento apresentado para a campanha publicitária da reforma da Previdência.

O vice-presidente Hamilton Mourão também é alvo frequente de ataques feitos por Carlos Bolsonaro. No dia 23 de abril, por exemplo, foram três tuítes com críticas ao vice do pai. À noite, ele resgatou uma declaração, feita em setembro de 2018, uma semana após o atentado a Bolsonaro. “Naquele fatídico dia em que meu pai foi esfaqueado por ex-integrante do PSOL e o tal de Mourão em uma de suas falas disse que aquilo tudo era vitimização”, escreveu.

Na ocasião, Rêgo Barros afirmou a jornalistas que o presidente queria um ponto final na desavença pública. Segundo o porta-voz, Bolsonaro disse que Mourão terá o apreço do presidente, mas afirmou que estará “sempre ao lado” do filho.

Nesta segunda-feira, após o ataque indireto a Heleno, Carlos compartilhou em seu Twitter uma reportagem sobre a indicação de Antonio Hamilton Rossell Mourão, filho do vice-presidente da República, ao cargo de gerente executiva de Marketing e Comunicação do Banco do Brasil, na mais recente estocada em Mourão.

Confira matéria do site Estadão.

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