Inflação oficial desacelera e fica em 0,13% em maio, diz IBGE

Preço do tomate caiu 15,08%, ajudando a frear a inflação de maio — Foto: Agência Diário

Trata-se do menor resultado para maio desde 2006 e do índice mensal mais baixo do ano. Em 12 meses, IPCA acumulado recuou para 4,66%, mas segue acima do centro da meta para 2019, que é de 4,25%

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, ficou em 0,13% em maio, o que representa uma desaceleração ante a taxa de 0,57% de abril, segundo divulgou nesta sexta-feira (7) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Foi o menor resultado para um mês de maio desde 2006 (0,10%). Trata-se também do índice mensal mais baixo do ano até o momento, refletindo principalmente a descompressão dos preços do grupo de alimentação e bebidas que voltou a apresentar deflação.

Nos 4 primeiros meses do ano, porém, a inflação acumulada é de 2,22%, a maior taxa para o período desde 2016, quando ficou em 4,05%.

Em 12 meses, o índice acumulado recuou para 4,66%, abaixo dos 4,94% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Apesar da desaceleração, a taxa ainda permanece acima da meta central de inflação do governo para 2019, que é de 4,25%.

O resultado veio abaixo do esperado pelo mercado. Mediana das projeções de consultorias e instituições financeiras consultadas pelo Valor Data era de uma taxa de 0,20% em maio. Para 12 meses, a expectativa era de alta de 4,73%.

Alimentos e bebidas freiam inflação
Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, 4 registraram deflação em maio. A principal contribuição para a desaceleração índice geral veio de “Alimentação e bebidas” (-0,56%), após uma alta de 0,63% em abril. Só este grupo respondeu por uma impacto de -0,14 ponto percentual (p.p.) na inflação do mês.

Do lado das altas, as maiores pressões vieram dos grupos “Habitação” (0,98%), com impacto de 0,15 p.p. no índice geral, e “Saúde e cuidados pessoais” (0,59%), com impacto de 0,07 ponto percentual.

Veja a inflação de maio por grupos pesquisados e o impacto de cada um no índice geral:

  • Alimentação e Bebidas: -0,56% (-0,14 ponto percentual)
  • Habitação: 0,98% (0,15 p.p.)
  • Artigos de Residência: -0,10% (0 p.p.)
  • Vestuário: 0,34% (0,02)
  • Transportes: 0,07% (0,01 p.p.)
  • Saúde e Cuidados Pessoais: 0,59% (0,07 p.p.)
  • Despesas Pessoais: 0,16% (0,02 p.p.)
  • Educação: -0,04% (0 p.p.)
  • Comunicação: -0,03% (0 p.p.)

No grupo alimentação, os destaques de queda para os preços do tomate (-15,08%), após alta de 28,64% em abril, feijão-carioca (-13,04%) e frutas (-2,87%). Por outro lado, o leite longa vida (2,37%) e a cenoura (15,74%) subiram em maio. Os produtos alimentícios adquiridos para o consumo dentro de casa tiveram queda de 0,89% no mês.

De acordo com o analista do IBGE, Pedro Kislanov da Costa, houve melhora nas condições climáticas em maio, com diminuição da chuva, o que favoreceu diversas colheitas. Além disso, aconteceu a colheita do feijão segunda safra, o que fez o produto chegar ao consumidor com o preço mais baixo.

Preço do tomate caiu 15,08%, ajudando a frear a inflação de maio — Foto: Agência Diário
Preço do tomate caiu 15,08%, ajudando a frear a inflação de maio — Foto: Agência Diário

Gasolina e energia elétrica foram os vilões do mês
Segundo o IBGE, os itens que mais pressionaram a inflação no mês foram gasolina (2,60%), com impacto individual de 0,11 p.p. no IPCA de maio, e energia elétrica (2,18%). No acumulado no ano, a gasolina acumula alta de 4,44% e a energia elétrica avanço de 3,37%, ambos os itens acima do índice geral (2,22%).

Segundo o IBGE, o IPCA de maio teria ficado em 0,05% se a energia elétrica não tivesse ficado mais cara.

“De dezembro de 2018 a abril de 2019, havia vigorado a bandeira tarifária verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz. Em maio, passou a vigorar a bandeira amarela, com custo adicional de R$ 0,01 para cada quilowatt-hora consumido. Além disso, vários reajustes de tarifas foram incorporados”, destacou o IBGE na divulgação.

Nos gastos com habitação (0,98%), outro destaque de alta foi o gás de botijão (1,35%).

No grupo dos Transportes, o diesel também subiu (2,16%). Já o preço do etanol caiu (-0,44%).

Destaque também para ônibus intermunicipais (0,45%) e passagens aéreas (-21,82%), após alta de 5,32% em abril, representando o maior impacto individual de baixa no índice geral do mês (-0,10 p.p.). No acumulado em 12 meses, entretanto, as passagens têm alta de 23,85%.

Perspectivas e meta de inflação
A meta central de inflação deste ano é de 4,25%, e o intervalo de tolerância varia de 2,75% a 5,75%. A meta é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), que está estacionada há mais de um ano na mínima histórica de 6,5%.

Os analistas das instituições financeiras continuam projetando uma inflação abaixo do centro da meta do governo, com uma taxa de 4,03% em 2019, indo a 4% em 2020, segundo a última pesquisa “Focus” do Banco Central.

O IBGE calcula a inflação oficial com base na cesta de consumo das famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos, abrangendo dez regiões metropolitanas, além dos municípios de Aracaju, Brasília, Campo Grande, Goiânia, Rio Branco e São Luís.

Inflação por capitais
Na análise por capitais e índices regionais, Rio Branco (0,67%) apresentou a maior inflação em maio. Já os menores índices ficaram com Brasília e com a região metropolitana do Rio de Janeiro, ambas com -0,05%.

Veja a inflação de abril por região:

  • Rio Branco: 0,67%
  • Goiânia: 0,48%
  • Campo Grande: 0,42%
  • Aracaju: 0,34%
  • Recife: 0,33%
  • São Luís: 0,25%
  • Fortaleza: 0,21%
  • Belo Horizonte: 0,21%
  • São Paulo: 0,13%
  • Porto Alegre: 0,12%
  • Salvador:0,11%
  • Vitória: 0,09%
  • Belém: 0,05%
  • Curitiba: -0,03%
  • Brasília: -0,05%
  • Rio de Janeiro: -0,05%

INPC em maio foi de 0,15%

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado como referência para os reajustes salariais, ficou em 0,15% em maio, abaixo dos 0,60% de abril. O acumulado do ano está em 2,44% e o dos últimos doze meses foi para 4,78, contra 5,07% nos 12 meses imediatamente anteriores.

Confira matéria do site G1.

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