Mesmo na pauta de costumes não se ouve a proposição de um caminho alternativo aos retrocessos propostos por Bolsonaro
O festival Lula Livre, realizado no fim de semana passado, e a discussão desencadeada a partir de sua realização, sobre se o movimento em defesa da Educação deve ser usado como hospedeiro da pauta única do PT, mostram a falta de relevância e de projetos a que o partido está reduzido desde a Lava Jato.
O PT, na oposição a Jair Bolsonaro, aparece mais nos discursos da direita a respeito do risco da volta do “socialismo” e da esquerda ao poder do que efetivamente incomodando o governo.
Qual a contribuição do partido até aqui para o debate da reforma da Previdência? Nenhuma. Enquanto outros partidos de centro-esquerda, como o PDT de Mauro Benevides e Tabata Amaral e o PSB, apresentam emendas baseadas em dados e evidências para tentar acoplar à reforma uma discussão virtuosa sobre focalização de políticas sociais para a primeira infância, os petistas votam em bloco contra uma medida provisória voltada a reduzir os focos de fraudes no pagamento de benefícios, sem propor nada no lugar.
Mesmo na pauta de costumes e de temas como segurança pública e direitos humanos não se ouve a proposição de um caminho alternativo aos retrocessos propostos por Bolsonaro.
Tudo vem sempre acompanhado de uma tentativa canhestra de “resgate” de um passado lulista que é pura narrativa, com os principais líderes petistas alheios ao fato de que a maioria da população não acha que Lula é uma vítima de perseguição nem está disposta a viver num eterno Woodstock passadista em louvor a um condenado por crimes comuns.
LIÇÕES DAS RUAS
Após protestos, Maia reforça presença nas redes sociais
Alvo principal dos protestos do último dia 26, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reforçou sua presença nas redes sociais. Nos últimos dias, fez transmissões ao vivo de eventos como a entrega do projeto que altera dispositivos do Código de Trânsito. Crítico da bancada de “youtubers” que tem tumultuado sessões na Casa que preside, Maia parece ter se rendido à necessidade de se comunicar com o público que elegeu o Congresso como vilão que impede o avanço das pautas de Bolsonaro.
PREVIDÊNCIA
Doria pressiona relator a manter Estados na reforma
Foi só o relator da reforma da Previdência, Samuel Moreira (PSDB-SP), esboçar dúvidas quanto à conveniência de manter Estados e municípios em seu parecer que o governador João Doria Jr. tratou de colocá-lo debaixo de sua asa e pressionar pela manutenção do dispositivo no texto. A entrevista no Palácio dos Bandeirantes em que Moreira foi colocado ao lado dos governadores de seu partido na segunda-feira foi vista na Câmara como sinal de que o relator foi enquadrado.
CONGRESSO
Audiências de ministros viram espetáculos repetitivos
Ontem foi a quarta vez em dois meses que Paulo Guedes compareceu a uma comissão do Congresso. De todas, foi a mais repetitiva e vazia. O fórum adequado para detalhar a reforma da Previdência agora é a comissão especial que está prestes a votar seu mérito, e não a Comissão de Finanças, na qual deputados mais discursaram e tentaram levar Guedes a perder a linha do que inquiriram o ministro.
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