A Odebrecht S.A. está mais perto do que esperava da entrega de um pedido de recuperação judicial à Justiça. Não bastasse a Caixa Econômica Federal e o Banco Votorantim terem indicado ao grupo que podem executar empréstimos concedidos à holding, após a Atvos, braço sucroenergético, ter recorrido à recuperação judicial na semana passada, o grupo encerrou as tratativas com a holandesa LyondellBasell para a venda da sua fatia na Braskem. No caso dos bancos, ambos não têm suas dívidas garantidas por ações da Braskem, ao contrário de outros bancos. Uma reunião deve ocorrer hoje. A nova direção da Caixa estaria inclinada a fazer valer os contratos e cláusulas de proteção. O raciocínio da Caixa seria não assumir o ônus de créditos mal sucedidos de gestões passadas. A nova gestão já tomou o cuidado de fazer, no ano passado, provisões para possíveis perdas com a holding.
Protagonista. Se o grupo for levado à recuperação judicial por Caixa e Votorantim, o governo brasileiro terá tido papel relevante nesse processo, já que a União é dona de 100% do capital do primeiro banco e tem 49,9% da segunda casa através do Banco do Brasil. Até a gestão Michel Temer, prevalecia o entendimento no Palácio do Planalto de que os executivos eram os responsáveis por erros e não as empresas. A Caixa e o Banco Votorantim não comentaram.
Gatilho. Se não houver acordo, o caminho será a recuperação judicial da holding, com potencial de carregar outras empresas do grupo Odebrecht. Pessimistas acreditavam nesse desfecho em questão de semanas, e não dias como parece estar ocorrendo. A construtora OEC, por exemplo, mantém negociações com credores donos de R$ 2,9 bilhões de bônus. A área de construção é garantidora desses bônus que foram emitidos pelo braço financeiro no exterior, cujos recursos captados foram redistribuídos entre as subsidiárias.
Recorde. Documentos apresentados este ano em negociações da OEC com credores externos mostram um passivo de R$ 97,6 bilhões do Grupo Odebrecht, contabilizados até junho do ano passado. Sem Braskem, a dívida seria de R$ 80 bilhões. Em ambos os casos, entretanto, seria o maior pedido de recuperação judicial da América Latina, superando Oi, que apresentou à Justiça dívidas de R$ 65 bilhões.
De novo. A Odebrecht S.A. repetiu que está empenhada em implementar ações para a estabilização financeira do grupo e, assim, criar bases para a retomada do crescimento de seus negócios. Disse também que é de conhecimento do mercado que a Odebrecht e algumas de suas empresas controladas estão em negociação com os respectivos bancos e com o mercado de capitais de seu relacionamento. “As partes estão focadas em uma solução satisfatória para todos”.
Reforço. O conselheiro da Odebrecht e coordenador do comitê financeiro João Nogueira Batista, por sua vez, encaminhou nota à Coluna afirmando que acredita que “não haverá necessidade nenhuma de recuperação judicial de nenhuma empresa e muito menos na holding”. “A não ser que, obviamente, os credores ou investidores sejam irracionais, o que não acredito”, disse. Ele pontua ainda que o caso da Atvos foi “isolado e uma resposta necessária à uma ação isolada de um credor.”
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