CANDIDATOS A PREFEITO? NÃO É CEDO?

Antigamente, em Crateús, indagava-se o porquê de tantos loucos desembarcarem na cidade. Chegou-se à conclusão de que o problema existia em função da situação geográfica da nossa urbe, na qual findava a última estação do trem.

Os loucos vinham de outras paragens e aqui encontravam o  porto seguro para extravasar suas loucuras e não mais retornavam aos lugares de origem.

A tese não é nossa, o raciocínio não é lógico e parece extravagante. Não condiz com um suposto louco aqui recentemente desembarcado, que se diz filho da terra e, surpreendentemente, membro da nobre e tradicional família Bonfim, tão nossa, tão respeitada e recheada de cabeças inteligentes e admiradas.

O suposto membro dessa família apeou-se de um imaginário trem, trazendo na bagagem algum dinheiro e o propósito de se apresentar ao povo como pré-candidato a prefeito da cidade na próxima eleição.

A cidade não o conhece e não sabe de quem se trata, nem de onde ele veio. Desceu do trem e passou a distribuir peixe aos pobres na Semana Santa e a falar em candidatura a prefeito.

Por último, decidiu empunhar a bandeira do meio ambiente, indo dar com os costados no Lixão da cidade, em busca de contato com o eleitorado. Mostrou-se indignado com o que via e jogou sabiamente a culpa nas autoridades pela existência do crônico e insalubre problema. Mas, vai daí que o problema se espalha por todo o estado, por cada município e pelo Brasil inteiro. No lixão de Crateús, o suposto louco passou a distribuir sacolas com alimentos aos catadores que de lá tiram o sustento e a sobrevivência.

O suposto candidato fincou a sua bandeira política naquele ambiente de sujeira, de moscas, de urubus e  mal cheiro. Não se sabe se pretende construir lá a barraca de um futuro comitê.

O morador pobre da periferia do Lixão vê nesse homem um milagreiro, um caridoso a distribuir feijão, arroz e farinha, um alguém que olha para o pobre e o ajuda, não se sabe até quando. Outros o ridicularizam e chamam-no de besta. Mas, neste terreno de bestas existe o besta sabido e o sabido besta. Fica algo no ar com respeito às suas promessas políticas.

Ao tempo de Dom Aloísio, arcebispo do Ceará, surgiu uma campanha contra a corrupção eleitoral, contra a venda do voto ou a troca dele por outras vantagens. A campanha pregava: “Voto não tem preço, tem conseqüências”. E dom Aloísio aconselhava: “se alguém oferecer dinheiro ou outra vantagem em troca pelo seu voto receba, mas não vote nele, vote em outro”.

É fato que por aqui há outros loucos, velhos conhecidos que estão louquinhos para sentar na cadeira de Marcelo Machado. Resta saber o que eles estão planejando para concretizarem seus projetos políticos eleitorais, de acordo com a nova lei, que não mais permite que se façam coligações.

Observando o atual panorama político, chegamos à conclusão de que fica difícil a eleição para o desconhecido distribuidor de peixes. Também, não fica fácil para outro qualquer candidato, se observarmos o que, de saída, deixa Marcelo Machado cada vez mais com o trono garantido.

Verdade que muitos não enxergam bem e indagam pelo que ele fez pela cidade. Achamos que ele fez o possível dentro das limitações e das dificuldades financeiras desses anos de vacas magras, agravados por precatórios que lhe sobraram para liquidar. Contudo, não se ouviu falar em malversação, em falcatruas, greves, atraso no pagamento ao funcionalismo, etc., e isto causa-nos a impressão de que não será tarefa fácil a tomada da sua cadeira de prefeito. Quem viver, verá!

Por César Vale

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