O Clube Militar convocou seus sócios para participar das manifestações pró-Bolsonaro programadas para o próximo domingo (26). São 38 mil associados das três forças – Exército, Marinha e Aeronáutica –, tanto da reserva, quanto da ativa.
“Na visão do Clube o que está havendo na verdade é um cerceamento da possibilidade do governo realmente governar”, afirma o coronel Ivan Cosme, diretor de Comunicação Social da instituição. Para ele, nenhum outro governo enfrentou “tamanho grau de oposição do nada”.
Ele ressalta que a convocação não está atrelada ao apoio de nenhuma pauta em particular ou de políticas partidárias. No texto de convocação, publicado no site e nas redes sociais, o clube pede aos sócios que apoiem “o Governo Federal na implementação das reformas necessárias à governabilidade”. Cosme diz que pelo menos “80% dos sócios se manifestaram de forma positiva à convocação”.
A instituição não financia as manifestações de forma alguma, segundo o coronel – os sócios apenas foram chamados a participar e um ponto de encontro foi marcado para o dia 26. Para ele, é momento de quem colocou Bolsonaro no poder sair em defesa do governo.
Com a disputa entre olavistas e militares na cúpula do governo, o aval do Clube Militar às manifestações exerce um peso simbólico dada a história da instituição.
Mourão foi presidente do clube
O general Hamilton Mourão foi presidente do Clube Militar em 2018, antes de assumir a candidatura à vice-presidência do país. Com chapa única, Mourão contou com o apoio do general Gilberto Rodrigues Pimentel, então chefe da instituição. Os eleitos comandam o clube por dois anos.
Quem preside a entidade atualmente é o general da reserva Eduardo José Barbosa. Jair Bolsonaro e Barbosa estiveram na mesma turma na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) em 1977.
Em março deste ano, em entrevista à Folha de S. Paulo, Barbosa defendeu a ditadura militar de 1964 argumentando que, sem ela, o país não seria democrático e corria o risco de se tornar comunista.
Em 2015, o Clube Militar homenageou o coronel Carlos Brilhante Ustra, reconhecido pela Justiça como torturador do regime militar. Ustra é defendido constantemente pela família Bolsonaro.
Naquele ano, a instituição lançou a “Campanha Nacional pela Moralidade”, com críticas à corrupção e ao governo de Dilma Rousseff (PT). Com o governo Bolsonaro, instituições ligadas às Forças Armadas, como o Clube, voltaram a ter protagonismo na política nacional.
Clube Militar é uma instituição centenária
Fundado em 1887, dois anos antes da proclamação da República, o Clube Militar nasceu como entidade privada com “viés político” e depois se tornou social, explica Cosme. “A República nasceu aqui dentro”, diz.
“Com orgulho, o Clube Militar ostenta em seu distintivo as palavras: ‘A Casa da República’. Trata-se de justo reconhecimento aos primeiros de seus membros, que defenderam e propagaram os ideais republicanos”, diz o site oficial da instituição.
O clube tem três sedes: duas no Rio de Janeiro, no centro e no bairro Jardim Botânico, e uma em Cabo Frio. E se mantém com mensalidades e com o aluguel de propriedades.
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