Análise: com autoridade e apoio da torcida, Ceará bate Grêmio na Arena Castelão

Vovô consegue placar importante que o deixa em 12º lugar, afastando-se do Z-4 Com primeiro tempo dominante, Ceará constrói vitória no 1º tempo e segura pressão gremista Foto: Camila Lima

Vovô fez 2 a 1 no primeiro tempo e segurou a pressão gaúcha na etapa final para voltar a triunfar após sequência de três derrotas

O roteiro era perfeito: força da torcida, adversário desfalcado e um time com tempo para trabalhar. O Ceará aproveitou os fatores, afastou sequência de jogos com gols sofridos no fim e venceu o Grêmio por 2 a 1, ontem, para voltar a triunfar após uma sequência de três derrotas consecutivas na Série A do Brasileiro.

Com gols de Ricardinho e de Michel, contra, – o Grêmio marcou com o cearense Éverton – o Vovô chegou aos seis pontos na tabela após o fechamento da 5ª rodada e assumiu a 12ª posição, subindo duas posições. O próximo compromisso é segunda-feira (27), quando o Alvinegro encara o Avaí na Ressacada, às 20h.

Já o Grêmio permanece na zona de rebaixamento sem sequer uma vitória na Série A. Na 18ª posição, com dois pontos, o time se prepara para enfrentar o Atlético/MG no sábado (25), às 19h, na arena gaúcha.

Autoridade em casa

Bergson ganhou a posição de Ricardo Bueno e foi titular durante toda a partida na Arena CastelãoFoto: Camila Lima

O técnico Enderson Moreira sinalizou mudanças no plantel e, de fato, as novas peças surtiram efeito. Não era novidade que Galhardo e Bergson pediam mais minutos em campo com as últimas atuações.

O ritmo nos primeiros minutos foi frenético, com um 4-2-3-1 muito volátil, onde o trio de meias se alternava com constância e trocava passes em velocidade, envolvendo completamente o Grêmio.

O primeiro gol alvinegro por si só foi uma obra-prima: troca de passes entre Bergson, Samuel Xavier, Galhardo, de calcanhar, até achar Ricardinho, que chutou de primeira, sem chances para o goleiro Paulo Victor, aos 10.

A inauguração do placar foi importante e transformou o Ceará em um time cirúrgico, que cedeu campo ao Grêmio e se armou no contra-ataque, sempre acionado pelos meias Thiago Galhardo e Ricardinho, que atuou mais recuado à frente dos zagueiros.

A estratégia foi assertiva diante de um Grêmio afoito na busca pelo empate e rendeu o segundo do Ceará aos 23, quando Galhardo recebeu no círculo central, tabelou com João Lucas e cruzou. A surpresa ficou com o zagueiro Michel, que empurrou contra as redes do próprio clube: 2 a 0.

Com mais posse de bola, o Grêmio conseguiu diminuir com Everton, aos 30, em jogada individual sem falha expressiva da defesa do Vovô, que foi vencida com um corte seco do cearense convocado para a seleção brasileira que disputará a Copa América.

Outra postura

O grande dilema alvinegro é a postura reativa construída ao longo dos minutos finais. Como um organismo, o time se retrai, perde a força de reação, o fôlego, e vê o adversário crescer na partida.

A qualidade da equipe comandada por Renato Gaúcho é inegável e o técnico ainda colocou os atacantes Marinho, Felipe Vizeu e Pepê para atuarem ao lado de Éverton, ganhando em volume e profundidade. No entanto, a pressão se firma quando o Ceará deixa de ser agressivo e passa a acompanhar as movimentações ofensivas sem contra-golpear.

Em termos de análise, a posse terminou 64% x 36% para o Grêmio, com 17 finalizações efetuadas pelos gaúchos contra seis do Ceará, que acertou apenas 69% dos passes trocados na Arena Castelão – os visitantes tiveram 85% de êxito.

As atuações seguras da dupla de zaga Luiz Otávio e Valdo, além do volante Fabinho foram de suma importância para segurar a pressão diante de um estádio que fervia com a sombra do gol nos últimos minutos, tônica da sequência de derrotas no Brasileirão para Atlético/MG, em casa, e o Goiás, no Serra Dourada.

Meta bem representada

Surpresa no time titular, o goleiro Richard fez grande intervenção aos 27 do primeiro tempo, quando espalmou sobre o gol a finalização firme do meia Matheus Henrique.

O arqueiro não foi de todo seguro, uma vez que apresentava dificuldades para agarrar a bola durante as cobranças de escanteio, chegando a fornecer rebotes na grande área.

Em um dos deslizes até sentiu entorse no joelho esquerdo e deu lugar a Diogo Silva no intervalo. Titular durante parte da Série A do Brasileiro, o substituto foi crucial ao defender uma cabeçada do atacante Alisson, aos 19 do 2º tempo. Nos momento de falta de fôlego dos companheiros, o goleiro também trabalhou bem ao segurar a posse quando podia.

Ainda em débito

Fernando Sobral divide a bola com Juninho Capixada na lateral esquerda do gramadoFoto: Camila Lima

Destoando dos demais no meio-campo, Leandro Carvalho e Fernando Sobral fizeram partida abaixo na Arena Castelão. Não por falta de entrosamento ou refino técnico, mas pela tomada de decisões no contra-ataque.

Sem a bola eram importantes na recomposição, ajudavam a marcação como não costumavam fazer com tamanha intensidade – fruto do trabalho do Enderson Moreira. A grande questão é quando necessitavam ligar os contra-ataques, o que deixava a desejar com uma transição lenta.

A fragilidade nas pontas deixou o Vovô previsível e exposto, sem conseguir agredir o Grêmio ou acionar Bergson, que aparecia centralizado. A falta de fôlego pesou e ainda rendeu a saída de Leandro Carvalho para a estreia de Rick no Brasileirão, uma promessa da base alvinegra, aos 17 do segundo tempo.

Avaliação positiva

Em coletiva pós-jogo, o técnico alvinegro Enderson Moreira elogiou a postura da equipe e afirmou que o Ceará precisou apenas de tranquilidade para ampliar o marcador.

“O Grêmio joga muito por dentro, mas isso não aconteceu contra a nossa equipe. Conseguimos controlar bem a partida e, se tivéssemos tranquilidade, poderíamos até ter feito o terceiro gol, chegamos perto. O que vale é que jogamos para vencer”, analisou.

Confira matéria do Site Diário do Nordeste

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