Em Fortaleza para lançar uma obra crítica ao feminismo, Ana Caroline Campagnolo (PSL-SC) ficou famosa ao incitar alunos a filmarem “doutrinadores”
Veja só, você nem ficou me xingando como os outros”, comentou, ao final da entrevista, a deputada catarinense Ana Caroline Campagnolo (PSL). Famosa no ano passado após incentivar alunos a filmarem professores “doutrinadores”, ela mantém o mesmo tom bélico nas pouco mais de 400 páginas de Feminismo: perversão e subversão, obra que lançou em Fortaleza no último sábado.
Questionada se mantém a ação de controle sobre o que é ensinado em sala, a professora-tornada-parlamentar não hesita: “foi o projeto principal da nossa campanha”. No ano passado, Campagnolo foi questionada por associações do magistério e até pelo Ministério Público. Para eles, a medida é assédio e violação da liberdade de expressão dos professores.
“Dizer isso é absurdo. Ninguém tem direito a liberdade de expressão no exercício de uma função pública”, rebate. “O professor, como funcionário público, é um agente do Estado, então ele tem de ser plural. A escola tem de ser um espaço para todas as opiniões”.
Sobre a possibilidade de a medida “criminalizar” professores, sobretudo em um contexto de grandes dificuldades estruturais na educação brasileira, a deputada minimiza: “O professor é criminalizável, assim como o médico, carteiro, servidor da Justiça etc”, afirma, negando ainda a possibilidade de a medida acabar só reforçando opiniões hegemônicas. “Recentemente, dois pais umbandistas ganharam uma ação na Justiça porque uma professora evangélica tentou catequizar um filho deles (…) vale para todos”, afirma.
Ana Caroline Campagnolo defendeu ainda postura do atual ministro da Educação (MEC), Ricardo Vélez, que pediu que alunos de escolas públicas fossem filmados cantando o hino nacional. “Não vejo problema algum nisso. O hino é do Brasil, não pertence nem à esquerda, nem à direita”, diz.
Indagada se a postura não acabaria criando uma espécie de autocensura entre professores e clima de perseguição nas salas de aula, a deputada do PSL questiona: “Mas não é bom que todo mundo pense duas vezes antes de falar?”.
Ana Caroline Campagnolo esteve em Fortaleza no último sábado, a convite da vereadora Priscila Costa (PRTB), quando lançou obra crítica ao feminismo em evento com palestra no Café Patriota, na Aldeota.
“O movimento (feminista) quer negar uma identidade feminina e diz representar todas as mulheres do mundo. Isso não existe”, diz.
Be the first to comment on "“O professor é criminalizável”, diz deputada do Escola Sem Partido"