Estado aponta quase 3 mil embriões congelados, de acordo com o último Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões (Sisembrio), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
Mulheres que sonham em ser mãe encontram na tecnologia da fertilização in vitro (FIV) uma nova oportunidade. O Ceará, entre os estados do Nordeste, aparece no topo da estatística de embriões congelados por Bancos de Células e Tecidos Germinativos (BCTGs), com um total de 2.910 plântulas, de acordo com o 11º Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões (Sisembrio), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publicado em referência ao ano de 2017.
A fertilização in vitro consiste em um procedimento de alta complexidade, onde há seleção dos melhores espermatozoides. Ao contrário da inseminação artificial, na FIV, os óvulos são retirados antes da ovulação, e após esse processo, os embriões fecundados são colocados no útero.
“Como é uma técnica de alta complexidade, a taxa também aumenta. Nós temos taxas de 40% a 60%. Em essência, após uma transferência embrionária ou uma inseminação que se atinge uma gravidez, a recomendação é de uma vida normal, sem grandes restrições. Uma gravidez como outra qualquer”, comenta o médico Daniel Diógenes, especialista em medicina reprodutiva.
Alternativa à família
“O benefício é que temos milhões de crianças nascidas após técnica de medicina reprodutiva, e muitos desses casais jamais conseguiriam atingir a gravidez de um ponto de vista natural”, reforça o médico especialista.
“A ansiedade foi muito maior. A gente quando está madura já sabe, mais ou menos, como é cuidar de uma criança, especialmente eu, que já tenho filho. Quando a gente decide fazer fertilização, é porque quer mesmo. A vontade é muito maior”, explica a fisioterapeuta Alessandra Maria, que é mãe da menina Alice Maria, de 13 anos, fruto da primeira gravidez, a qual foi espontânea .
Alessandra teve a primeira consulta sobre reprodução assistida em novembro de 2017, e iniciou o processo em fevereiro de 2018. No dia 1º de outubro de 2018, Bianca Maria chegou para complementar a família de Alessandra, Alice e do marido Miguel Mezones.
Mito da idade
O especialista Daniel Diógenes revela que “o Brasil caminha igualmente com países de primeiro mundo em termos de tecnologia, qualidade e capacitação das clínicas”, e que, “nos últimos anos, a lei flexibilizou as possibilidades para recorrer ao útero de substituição e à doação de gametas”, complementa o médico.
Contudo, ele lamenta que “o que impede esse número de ser ainda mais animador é que a idade continua sendo o principal entrave para o sucesso dos tratamentos. Infelizmente, os casais ainda adiam muito a concepção dos filhos e procuram por ajuda especializada cada vez mais tarde”, complementa.
Alessandra deu à luz aos 46 anos, porque sentia que não estava “pronta” para o procedimento anteriormente. E assim, ela pôde compreender que a idade não atrapalha a maternidade. “É mito aquela história de que ‘a diferença de idade é muito grande e você não vai conseguir acompanhar o filho’. A gente se renova e rejuvenesce fisicamente, psicologicamente e emocionalmente”, reforça Alessandra Maria
A idade também não foi problema para a contadora Jamilli Honorato, que está grávida de quatro meses após fertilização in vitro. “Mesmo com 41 anos, estou com uma gravidez ótima e fazendo atividade física, musculação, caminhada, e também spinning. Um ritmo que eu já tinha, então, até agora nada diferente além dos cuidados normais da gravidez”, comemora.
“Por mais que eu tivesse a experiência de ser mãe, renasceu a vontade de ter filho novamente, como se fosse a primeira tentativa”, complementa Jamilli, mãe de Ingrid, 23, Laisa, 11, e Lorenzo, que ainda está na barriga.