E mais: o segundo dia de audiência do assassinato do jogador Daniel, ativismo judicial, ajuda humanitária do Brasil para a Venezuela e recomendações de nossos jornalistas
O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), acordou com o pé esquerdo nesta terça (18). Em poucas horas, foi golpeado quatro vezes. Aos fatos:
1 – No começo da tarde, a revista Veja divulgou conversas de WhattsApp entre Bolsonaro e Gustavo Bebianno, demitido do posto de secretário-geral da Presidência. Os 12 áudios revelam uma escalada de tensão entre o presidente e o ex-ministro no caso dos laranjas do PSL. Em entrevista à rádio Jovem Pan, Bebianno completou o entrevero: “Fui demitido por Carlos Bolsonaro”, referindo-se ao filho do presidente que o chamou de mentiroso.
2 – Na primeira derrota do governo no Congresso, a Câmara dos Deputados derrubou o decreto do vice-presidente, Hamilton Mourão, que alterou as regras da Lei de Acesso à Informação (nº 12.527/2011) – aquele que permitia a assessores classificassem dados do governo como secretos ou ultrassecretos.
3 – No STF, Bolsonaro também perdeu. O ministro Marco Aurélio Mello manteve a condenação do presidente a pagar R$ 10 mil à deputada Maria do Rosário (PT-RS) por danos morais.
4 – Se o presidente foi condenado, o opositor Jean Wyllys (PSOL-RJ) foi inocentado por injúria, calúnia e difamação. Quando eram deputados, o ex-colega de Câmara acusou Bolsonaro de lavagem de dinheiro e o chamou, em uma entrevista, de “burro”, “fascista”, “desonesto”, entre outros adjetivos pesados.
E as prioridades?
Outro ponto que pode obrigar Bolsonaro a se movimentar ‘no ringue’ é o fato de que os cargos do 3º escalão viraram moeda de troca para aprovar a Previdência e o pacote anticrime, como conta nossa correspondente Jéssica Sant’Anna. Contudo, a oportunidade para o presidente erguer a cabeça e tocar o barco é nesta quarta-feira (20). A Jéssica também conta como o presidente vai entrar em campo para buscar apoio à reforma da Previdência, junto com seu fiel escudeiro Paulo Guedes.
Uma das maneiras é entregar pessoalmente a proposta de reforma da Previdência ao presidente da Câmara dos deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Nosso editor Fernando Jasper abriu uma boa questão: Será que Bolsonaro vai mexer no maior vespeiro da Previdência? Logo, logo teremos a resposta, mas a Bolsa está otimista e fechou em alta.
Se por um lado Bolsonaro saiu arranhado na terça (19), o ministro da Justiça, Sergio Moro, bem que tentou sair por cima. Ele seguiu a estratégia do chefe do executivo e entregou pessoalmente o projeto de lei anticrime a Maia. De Brasília, Kelli Kadanus conta essa história e mostra ainda que o único problema é que, na mesa de negociações, Moro teve que fatiar o projeto ao apresentar a criminalização do caixa 2 de forma separada.
Para combater o crime, contudo, tem gente querendo verba – e não tem nada de errado com isso. São os estados que se unem à Bancada da Bala em busca de dinheiro para segurança pública. A Kelli acompanhou de perto.
E mesmo sem Moro, o pessoal da Lava Jato segue firme no combate à corrupção. A operação driblou Gilmar Mendes ao levar Paulo Preto para Curitiba e, após ser alvo de uma nova fase da Operação, o ex-chanceler e ex-senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) pediu demissão da presidência da Investe SP.
Em outra frente da Polícia Federal, pior para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, preso pela manhã. A suspeita é que o Sistema S, ligado à CNI, celebrou contratos de R$ 400 milhões com empresas de fachada. O martírio na cadeia durou poucas horas: no fim da tarde, Andrade foi solto.
Demissões em massa?
Notícia ruim mesmo tiveram os trabalhadores da Ford. A empresa anunciou que irá fechar a fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. No setor aéreo, novo revés para a Avianca, que está recuperação judicial. A Anac exigiu que a empresa devolva aeronaves. E a Embraer também cambaleou: Associação Brasileira de Investidores, a Abradin acusa executivos de induzirem investidor a erro.
Por outro lado, a Honda vai investir R$ 500 milhões em Manaus. Porém, a ideia é modernizar a fabrica e não deve gerar novos empregos. Vagas mesmo foram abertas no Canadá: a província de Quebec está intensificando a busca por talentos brasileiros. Esta Gazeta explica como participar: são 400 empregos abertos.
Ativismo judicial em alta
Se as prioridades do Governo neste início de ano no Congresso fogem às pautas de costumes, o Supremo vem tomando essa frente. Na mesma semana em que o STF iniciou o julgamento sobre a possível criminalização da homofobia, a Associação dos Magistrados Brasileiros publicou uma pesquisa que mostra que os juízes consideram legítimo agir como legisladores.
De olho no caso do jogador Daniel
Justiça também é o tema do momento no Paraná. O segundo dia de audiência sobre o assassinato de Daniel foi marcado pelos depoimentos dos familiares do atleta. A mãe do jogador ficou frente a frente com os Brittes, réus confessos. Por lá, advogados trocaram farpas. Nossa equipe de jornalistas Durval Ramos, Gustavo Ribeiro e Cecília Tümler mostram os detalhes.
O estado também discute o fim da taxa antidumping cobrada do leite em pó vindo da Europa. O debate que tomou conta do agronegócio não tem consenso e o Paraná foi a Brasília cobrar que o governo federal volte a proteger os produtores. Como? Cobrando uma taxa de importação ainda maior. Alex Silveira conta essa história.
Já o governador do estado, Ratinho Júnior, está enfrentando críticas de ambientalistas. O presidente da ONG Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), Clóvis Borges, criticou a decisão de tirar o poder de licenciamento ambiental do Colit – Conselho de Desenvolvimento Territorial do Litoral Paranaense. Segundo ele, a medida silencia a discussão ambiental no Litoral. Entenda melhor essa confusão na matéria de Giulia Fontes.
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“Do Paraná para o mundo”
A Espanha acaba de ganhar sua primeira casa de vidro flutuante. O intuito é ampliar a experiência turística no Mediterrâneo. O projeto é de baixo impacto ambiental e se destaca por diversas soluções tecnológicas.
Perto dali, a França e a Bélgica enfrentam uma decisão difícil. Qual é a responsabilidade desses países em relação à segurança das crianças filhas de cidadãos europeus radicalizados que fugiram para os territórios do Estado Islâmico? Enquanto os tribunais se preparam para decidir se crianças de até seis anos serão repatriadas, o debate se intensifica.
Por bandas sul-americanas, o governo brasileiro anunciou que montará uma força-tarefa em Roraima para a entrega de ajuda humanitária à Venezuela. Alimentos e medicamentos enviados pelos Estados Unidos devem aliviar a escassez de bens básicos que causa desnutrição e doenças no país.”