Suprema Corte da Argentina manda prender Cristina Kirchner, condenada por fraude

Ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner. Foto: Assembleia Nacional del Ecuador

A Suprema Corte da Argentina confirmou por unanimidade, nesta terça-feira (10), a condenação da ex-presidente Cristina Fernández de Kirchner a seis anos de prisão por administração fraudulenta e prejuízo à administração pública.

Além da pena privativa de liberdade, o tribunal ratificou a proibição perpétua de que a líder peronista volte a ocupar cargos públicos.

A decisão, assinada conjuntamente pelos juízes Horacio Rosatti, Carlos Rosenkrantz e Ricardo Luis Lorenzetti, que compõem o mais alto tribunal do país, rejeitou os argumentos apresentados para anular a sentença proferida em dezembro de 2022 pelo Segundo Tribunal Federal de Oratória.

Cristina Kirchner, que governou a Argentina entre 2007 e 2015, foi responsabilizada por irregularidades em processos licitatórios envolvendo obras rodoviárias na província de Santa Cruz, reduto político da família Kirchner.

A acusação sustenta que houve favorecimento de empreiteiras próximas ao círculo da ex-presidente, configurando administração fraudulenta. Ela já havia sido condenada em duas instâncias antes de recorrer à Suprema Corte.

Em sua decisão, o tribunal também manteve a absolvição da ex-presidente da acusação de associação criminosa, conforme já havia sido solicitado pelo Ministério Público em fases anteriores do processo.

Kirchner nega envolvimento nas irregularidades e insiste em que é vítima de perseguição judicial com motivações políticas. Em pronunciamentos recentes, classificou a Suprema Corte como uma “guarda pretoriana do poder econômico”.

Na véspera da decisão, declarou que, no atual cenário argentino, ser presa representa um “certificado de dignidade”, criticando o que chamou de impunidade de outros políticos acusados de corrupção.

Com a sentença confirmada, o caso retornará ao Segundo Tribunal Federal de Oratória, que deverá ser formalmente informado da decisão. Cristina Kirchner tem agora cinco dias úteis para se apresentar às autoridades.

Por ter mais de 70 anos, sua defesa poderá solicitar o cumprimento da pena em regime domiciliar, o que deverá ser analisado pelo tribunal no mesmo prazo.

Na semana passada, a ex-presidente anunciou sua candidatura a deputada pela província de Buenos Aires nas eleições marcadas para 7 de setembro.

Caso eleita, teria novamente direito à imunidade parlamentar, como no período em que ocupou o cargo de senadora. No entanto, com a confirmação da sentença que a torna inelegível, sua candidatura já não é juridicamente viável.

FONTE: DP https://diariodopoder.com.br/exteriores/e09-internacional/suprema-corte-da-argentina-manda-prender-cristina-kirchner-condenada-por-fraude

PGR paga mico durante depoimento de Bolsonaro

Procurador-geral Paulo Gonet durante depoimento de Bolsonaro – Foto: Antonio Augusto/STF.

Chamaram atenção, durante depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alguns micos protagonizados pelo chefe do Ministério Público, Paulo Gonet, procurador-geral da República, ao formular perguntas reveladoras de desinformação, como na mensagem “comprometedora” de um major brigadeiro, Maurício Pazini Brandão, mencionando tropa “mobilizada” etc. Gonet não sabia que era só um militar aposentado, sem tropas, e professor do Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA).

‘Minuta do golpe’

Gonet quis apertar Bolsonaro sobre a “minuta do golpe” encontrada pela Polícia Federal em sua sala, na sede do PL.

Copia do inquérito

Como no caso do brigadeiro “sem tropa”, era publicamente conhecido que o papel era cópia retirada por seu advogado do inquérito do STF.

Faltou a frase

Muitos dos presentes esperavam que Gonet repetisse sua célebre frase “fiz cagada”, após mancada durante depoimento de Aldo Rebelo.

Bate pronto

Gonet pediu para Bolsonaro confirmar que não tomou medidas para retirar o acampamento ‘golpista’. A resposta foi fácil: Lula também não.

FONTE: DP https://diariodopoder.com.br/coluna-claudio-humberto/pgr-paga-mico-durante-depoimento-de-bolsonaro

Motta volta atrás e diz que Câmara vai definir situação de Zambelli

Presidente da Câmara, Hugo Motta (Rep-PB). (Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados).

Com atuação criticada por outros deputados, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Rep-PB), recuou e, agora, diz que o Plenário da Casa vai definir se Carla Zambelli (PL-SP) irá ou não perder o mandato.

Nas últimas manifestações públicas sobre o assunto, Motta dizia que não caberia votação no caso, já que o julgamento da parlamentar estava transitado em julgado.

“Nós vamos notificar para que ela [Carla Zambelli] possa se defender e a palavra final será a palavra do plenário”, disse Motta ao responder um comentário de insatisfação de André Fernandes (PL-CE).

Condenada a 10 anos de prisão por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em ação conjunta com hacker de Araraquara Walter Delgatti, Zambelli deixou o Brasil e está na Itália, onde tem cidadania.

FONTE: DP https://diariodopoder.com.br/brasil-e-regioes/xwk-brasil/motta-volta-atras-e-diz-que-camara-vai-definir-situacao-de-zambelli

Anderson Torres: ‘Não é a minuta do golpe, é a minuta do Google’

Ex-ministro Anderson Torres em interrogatório sobre a suposta “trama golpista”, no STF. (Foto: Ton Molina/STF)

Em interrogatório na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça (10), o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, minimizou o documento usado como uma das peças centrais da acusação sobre a suposta “trama golpista” contra a eleição do presidente Lula (PT). E chamou de “minuta do Google” a “minuta do golpe”, encontrada pela Polícia Federal em sua casa. Assista no fim da matéria.

“Na verdade, ministro, eu brinquei, não é a minuta do golpe, é a minuta do Google, porque está no Google até hoje. Esse documento, ministro, foi entregue ao meu gabinete, no Ministério da Justiça, eu levava diariamente duas pastas para minha residência. Uma delas com agenda do dia seguinte, eventuais minutas de discurso e outra com documentos gerais que vinham do Ministério. Eu realmente nem me lembrava dessa minuta, fui ver isso quando foi apreendido pela Polícia Federal, foi uma surpresa”, disse Torres.

O ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) é um dos oito réus interrogados desde ontem no âmbito da Ação Penal (AP) 2668, em que a Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa o ex-presidente e a cúpula de seu governo de crimes para impedir que o vencedor das eleições presidenciais de 2022 governasse.

Torres tratou como “fatalidade” terem encontrado a minuta em um armário de sua casa, com a sugestão de uma intervenção chamada de “estado de defesa” contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), como forma de anular a eleição de Lula contra Bolsonaro. Porque nunca tratou do tema com o ex-presidente e teria encaminhado o papel para descarte.

“Isso foi colocado para ser descartado. Eu nunca tratei isso com o presidente da República, eu nunca tratei isso com ninguém, isso veio até o meu gabinete no Ministério da Justiça. Foi organizado pela minha assessoria que isso veio num envelope dentro e foi parar na minha casa. Mas eu nunca discuti esse assunto, nunca trouxe isso a tona. Foi uma fatalidade que aconteceu, porque já era para ter sido destruída há muito tempo. Não é da minha lavra, não sei quem fez, não sei quem mandou fazer. Eu nunca, nunca, nunca discuti esse assunto”, afirmou o ex-ministro.

‘Pesadelo’ nos EUA

Então secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres disse ter perdido seu celular e até dólares, porque ficou “transtornado” ao saber, nos Estados Unidos, da determinação de sua prisão, dois dias após os ataques violentos de 8 de Janeiro de 2023, que destruíram as sedes dos Três Poderes da República, em Brasília. A fala confronta suspeitas de extravio do celular para dificultar as investigações, na ocasião em que viajava com a família para Disney, alegando estar de férias, que iniciaria oficialmente apenas no dia 9 de janeiro.

“Eu perdi meu telefone, acho que aquele momento foi o mais duro da minha vida. Eu saí daqui [do Brasil] como Secretário de Segurança e no dia 10 saiu minha prisão. Isso me deixou completamente transtornado, eu perdi completamente o equilíbrio com aquela notícia da prisão e nesse contexto eu acabei perdendo o meu celular. […] Cheguei no Brasil e forneci a senha da nuvem do meu celular”, afirmou no interrogatório.

Em outros pontos do depoimento, Torres apontou falhas da Polícia Militar no cumprimento do plano de segurança para o dia dos ataques. E descartou ter identificado fraudes à urna eletrônica.

As oitivas iniciadas ontem (9) pelo delator e tenente-coronel, Mauro Cid, e pelo deputado federal e delegado da Polícia Federal, Alexandre Ramagem (PL-RJ), foram retomadas a partir das 9h desta terça, com questionamentos ao almirante Almir Garnier, que comandou a Marinha no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, também denunciado neste chamado “núcleo 1” ou “núcleo crucial” da ação. E prossegue ouvindo um total de oito réus deste grupo denunciado.

FONTE: DP https://diariodopoder.com.br/brasil-e-regioes/csa-brasil/anderson-torres-nao-e-a-minuta-do-golpe-e-a-minuta-do-google

Brasileiro preso por Israel foi até a enterro de terrorista do Hezbollah

Ativista brasileiro, Thiago Ávila. (Foto: reprodução)

O ativista brasileiro Thiago de Ávila e Silva Oliveira, 38 anos, foi detido no último domingo (8) pela Marinha de Israel ao lado da ativista sueca Greta Thunberg e outros integrantes da chamada Flotilha da Liberdade. O grupo tentava romper o bloqueio marítimo imposto à Faixa de Gaza em uma embarcação carregada com ajuda humanitária.

Natural de Brasília, comunicador popular e militante desde jovem, Thiago Ávila é filiado ao PSOL e chegou a concorrer para deputado federal pelo partido, sem sucesso.

Thiago tem um histórico de engajamento em pautas sociais e ambientais, com passagens marcantes tanto no Brasil quanto no exterior.

Após o fracasso na carreira politica, Ávila voltou sua dedicação à causa palestina e em outras ações humanitárias em países como Líbano, Cuba e Bolívia.

Nas redes sociais, onde soma mais de 800 mil seguidores, Thiago compartilha registros de viagens, protestos e reflexões políticas.

Embora elogiado por grupos progressistas e movimentos sociais, ele também é alvo constante de críticas por suas falas consideradas radicais.

Em entrevista ao jornal Brasil de Fato em 2024, Ávila afirmou que o “projeto sionista” de Israel seria “um plano global de dominação”.

Ainda em 2024, foi homenageado pela Embaixada do Irã no Brasil “trabalho de comunicação e solidariedade com a causa Palestina”, como ele próprio afirmou em uma publicação em suas redes sociais — o que também lhe rendeu acusações de alinhamento com regimes autoritários.

O ativista brasileiro também esteve presente no funeral de Hassan Nasrallah, líder do grupo extremista Hezbollah morto em um ataque israelense.

Segundo publicação em seu Instagram, ele viajou ao país para “documentar as violações cometidas por Israel” e participar da cobertura da cerimônia ao lado de outros jornalistas e influenciadores.

“Quando estudamos a história das revoluções, da luta anticolonial e da luta anti-imperialista, vemos algumas figuras que se destacam, que brilham. E Sayyid Hassan Nasrallah era uma dessas pessoas”, disse Ávila ao canal Arab-I na ocasião.

FONTE: DP https://diariodopoder.com.br/brasil-e-regioes/e09-brasil/brasileiro-preso-por-israel-foi-ate-a-enterro-de-terrorista-do-hezbollah

PGR paga mico durante depoimento de Bolsonaro

Procurador-geral Paulo Gonet durante depoimento de Bolsonaro – Foto: Antonio Augusto/STF.

Chamaram atenção, durante depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alguns micos protagonizados pelo chefe do Ministério Público, Paulo Gonet, procurador-geral da República, ao formular perguntas reveladoras de desinformação, como na mensagem “comprometedora” de um major brigadeiro, Maurício Pazini Brandão, mencionando tropa “mobilizada” etc. Gonet não sabia que era só um militar aposentado, sem tropas, e professor do Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA).

‘Minuta do golpe’

Gonet quis apertar Bolsonaro sobre a “minuta do golpe” encontrada pela Polícia Federal em sua sala, na sede do PL.

Copia do inquérito

Como no caso do brigadeiro “sem tropa”, era publicamente conhecido que o papel era cópia retirada por seu advogado do inquérito do STF.

Faltou a frase

Muitos dos presentes esperavam que Gonet repetisse sua célebre frase “fiz cagada”, após mancada durante depoimento de Aldo Rebelo.

Bate pronto

Gonet pediu para Bolsonaro confirmar que não tomou medidas para retirar o acampamento ‘golpista’. A resposta foi fácil: Lula também não.

FONTE: DP https://diariodopoder.com.br/coluna-claudio-humberto/pgr-paga-mico-durante-depoimento-de-bolsonaro

Guilherme Fiuza

Trump x Musk: tudo a perder 

(Foto: Francis Chung/EFE/EPA/POOL)

A trombada entre Donald Trump e Elon Musk foi um acontecimento vergonhoso. Deu uma boa medida do quanto a dignidade está se tornando um artigo raro no mercado.

Em primeiro lugar é preciso observar o que esses dois personagens representam hoje para o mundo. Trump e Musk não são dois correligionários, dois aliados partidários, nem mesmo dois parceiros ideológicos. São dois homens de negócios que, cada um a seu tempo, resolveram assumir um papel político nos EUA, e para além dos EUA. 

Até recentemente, Elon Musk era eleitor do Partido Democrata. Assim como Robert Kennedy Jr. e muitos outros, passou a apoiar o Partido Republicano não por uma guinada em seus princípios e convicções políticas. A mudança se deu porque o Partido Democrata deixou de ser o Partido Democrata. 

A tradicional dualidade política norte-americana se desfigurou e virou, na visão de Musk e outros parceiros de conversão, uma disputa entre a sociedade livre e o chamado Deep State (a máquina subterrânea do establishment). 

A comparação entre o primeiro governo Trump e o governo Biden não deixa dúvidas. De um período de redução das tensões internacionais e retomada econômica (e social) passou-se, na gestão do presidente “marionete”, a um ambiente de desordem institucional com escalada inflacionária, imigração ilegal descontrolada e cerceamento do debate – inclusive com pressões sobre as plataformas digitais.

A demagogia da famigerada bandeira “woke” (o falso despertar) foi se tornando pretexto para a apropriação do estado com fins de controle e fortalecimento de grupos privados de poder.

O escândalo da USAID foi a demonstração mais clara desse modus operandi. Bilhões em verbas destinadas à ajuda humanitária carreados para iniciativas supostamente inclusivas, mas muitas delas tendo a finalidade real de interferência política em outros países – sempre em favor das formas artificiais de poder escondidas sob a alegada defesa da democracia. Entre outras iniciativas cruciais, quem deflagrou a devassa na USAID foi a dupla Trump e Musk.

Por milímetros, Donald Trump não foi assassinado, em plena campanha presidencial, nas barbas do Serviço Secreto. E a grande imprensa fez o duplo serviço sujo: pré-atentado, desumanizando Trump e contribuindo para a disseminação do sentimento de que ele representava um perigo para a democracia e para a humanidade; pós-atentado, tentando minimizar o fato e até, num primeiro momento (por incrível que pareça), soltando manchetes que tentavam deixar em dúvida se o que acabara de acontecer era uma tentativa de matá-lo. Para não mencionar que, nos meses seguintes, o atentado sumiu do noticiário (mesmo sem ser devidamente esclarecido). Corrigindo, então: triplo serviço sujo.

Um agente fundamental para furar essa redoma reacionária de interesses inconfessáveis foi Elon Musk. Ele expôs pessoalmente na rede X todas as lacunas e atos falhos da grande imprensa e do establishment obscuro (com verniz Hollywoodiano). Escancarou com inteligência e humor a patética tentativa do sistema de construir o favoritismo de Kamala Harris, a risonha (e risível) candidata “da alegria”. 

Ao contrário do que têm dito os maus-entendedores, viciados nos conceitos binários e ultrapassados da política, Trump & Musk não foi uma aliança em favor de um “lado” ideológico. Foi a aliança da liberdade contra a tirania moderna

A maneira fútil e desclassificada como os dois se enfrentaram publicamente, numa escalada repentina e insana, deixou o mundo com saudade de uma coisa chamada espírito público, que envolve outra coisa chamada compostura. Se é que o mundo ainda tem saudade dessas coisas.

FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/guilherme-fiuza/trump-x-musk-tudo-a-perder/

Polzonoff

Mauro Cid é traidor?

Mauro Cid: quem pode dizer com toda a certeza do mundo que no lugar dele faria diferente? (Foto: Ton Molina/STF)

Com alguma surpresa. Não, minto, foi com muita surpresa que vi algumas pessoas chamarem Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, de traidor. Cid que, você sabe e se não sabe fica sabendo agora, fez a delação premiada na qual se baseia toda a acusação de tentativa de golpe. Essa farsa vergonhosa que entrará para a história como um dos maiores vexames da nossa infame democracia relativa.

Mas antes de continuar com o texto eu quero saber: o que você estaria disposto a sacrificar em nome de uma ideologia, de um partido, de um grupo político, de uma esperança remota de recuperar o poder? Pensa e enquanto você pensa aí eu aproveito para fazer umas digressões mais ou menos aleatórias aqui.

Precisa-se

Por exemplo: precisa-se. Não precisa procurar muito. Dê uma olhada por aí. Talvez até aqui mesmo, na Gazeta do Povo, as opiniões estejam cheias de textos que precisam com precisão as precisências (precisânias?) do Brasil e do mundo. Para recuperarmos a democracia é preciso isso. Para a direita voltar ao poder é preciso isso. Para termos prosperidade. Para diminuirmos a violência e a corrupção. Ah, você entendeu.

Está cheio disso e aqui vou eu contribuir para essa abundância: o mundo precisa recuperar a noção de nobreza do martírio. E quando me refiro a martírio aqui não estou falando a se submeter ao pelotão de fuzilamento em nome de uma causa – ou da fé. Falo da capacidade de, com altivez, suportar o fracasso, o cancelamento, o ostracismo, a miséria e o desprezo em defesa da Verdade.

Siiiiiiiiiiim!

Há nobreza, por exemplo, em propor o perdão, e não a indignação ressentida e o desejo de vingança disfarçados de “ira santa”. Mesmo que você seja xingado de isentão ou de fraco. Mas digresso. No mais, se meus cálculos estiverem certos a esta altura você já pensou o bastante na pergunta que fiz lá no começo: você estaria disposto a ficar preso, a ser humilhado e a ficar longe da família para proteger uma causa política? No Brasil? Em 2025?

Imagino que algumas pessoas tenham respondido “sim” a essa pergunta e tudo bem. Discordo, tenho dificuldade para acreditar, mas respeito e até peço desculpas, porque minha lealdade a essa ideologia difusa que atende pelo mal-ajambrado apelido de “direita” é pouca e está submetida a uma lealdade maior e não-ideológica. E acho que a maioria das pessoas é assim, por mais que gostem de bancar os cruzados de sofá no conforto de suas casas.

Honra imaculada

Dessa discordância é que nasce minha desconfiança desses (espero que não você) que chamam Mauro Cid de traidor. É muito fácil exigir coragem dos outros. Fácil e tentador. Mais fácil ainda é exigir dos outros lealdade à direita ou ao bolsonarismo e ficar xingando de traidor alguém que se viu tendo de escolher entre a causa e a família; entre a causa e a liberdade; entre a causa e a vida.

E eu sei que você vai me dizer que no lugar dele faria diferente. Mas será que faria mesmo? Tem certeza? Certeza absoluta? Pois bem. Já que você insiste, vou ter que perguntar o que você estaria disposto a sacrificar em nome da sua família, da sua liberdade e da sua vida? Ou será que a sua “honra imaculada” vale mais do que essas coisas todas?

Em tempo

Em tempo: não sei se concordo com a atitude de Mauro Cid. Tampouco sei se estaria disposto a sacrificar a verdade, isto é, a mentir e prejudicar outras pessoas, amigos de outrora, em nome da família, da liberdade e da vida. Aliás, nem sei se ele chegou a mentir. Só sei que rezo para que jamais tenha de fazer as mesmas escolhas que Mauro Cid e os outros acusados de tentativa de golpe tiveram e ainda terão de fazer em suas vidas.

FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/polzonoff/mauro-cid/

Alexandre Garcia

Todos contra os pacotes de aumento de impostos

Haddad e Lula: governo mantém foco no aumento da arrecadação de impostos. (Foto: André Borges/EFE)

A indústria, a agricultura e a área financeira estão em pé de guerra contra o governo. O presidente do Bradesco, na terça-feira, disse que “o país não aguenta mais tributos”. Ele certamente está sentindo o peso do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), mas a agricultura e a indústria estão pensando na alternativa proposta por Haddad para substituir essa alta do IOF. O governo agora quer tributar os rendimentos das Letras de Crédito Agrícola, das Letras de Crédito Imobiliário, dos Certificados de Recebimento Imobiliários, dos Certificados de Recebimento da Agricultura e das debêntures incentivadas. Isso vai atingir o crédito e o financiamento de atividades produtivas.

Ninguém mais aguenta. Eu estava vendo na internet o quanto de imposto que já se paga sobre cadernos escolares, alimentos básicos, atividades produtivas que geram emprego e renda – renda que, por sua vez, vai gerar tributos. Mas o governo não sabe que cada giro na roda da economia gera mais impostos. Quanto menor o peso dos impostos, mais rápido vai girar essa roda. Todos sabem que o supermercado que cobra menos margem de lucro vai vender muito mais, e no fim terá mais lucro. Só o governo que não entende isso. E o governo, como eu expliquei ontem para os meninos e meninas de uma escola cívico-militar, não gera riqueza. Todo o dinheiro do governo é nosso, dos pagadores de impostos.

A oposição na Câmara já está dizendo que nada disso vai passar. Uma, que um decreto legislativo vai derrubar o aumento de alíquotas do IOF; outra, que não vão aceitar mais tributação, porque o governo não tem de sanar o rombo com impostos cobrados dos brasileiros, tem é de gastar menos. Lula acha que todo gasto público é investimento, mas não é assim. Qualquer pessoa que saiba um mínimo sobre contas públicas sabe que gasto é uma coisa, investimento é outra. Investimento gera riqueza; gasto é a despesa de gerar essa riqueza. Mas podem dizer isso à vontade para Lula, que não adiantará. Ele sempre pensou errado. E o Lula de agora é o mesmo do primeiro mandato, o mesmo do segundo mandato, o mesmo que orientava Dilma Rousseff.

CPI das Bets termina com propostas de indiciamento de influenciadoras

Na CPI das Bets – eu não sei por que essa história de usar nomes estrangeiros, bastava chamarem de CPI das Apostas Eletrônicas –, a relatora Soraya Thronicke está propondo o indiciamento de 16 pessoas, entre elas as influenciadoras Virgínia Fonseca e Deolane Bezerra – esta última já passou um tempo presa. As duas estão com proposta de indiciamento, que vai ser agora decidida em votação dos membros da CPI.

Não tem como ignorar que as pessoas se endividam com isso. Quem joga é justamente quem não tem dinheiro e fica sonhando com ele. Eu nunca joguei na vida; sempre apostei em mim, economizei o dinheiro da aposta e nunca perdi dinheiro em apostas. Só ganhei investindo em mim, na minha formação, na minha preparação para o mundo. Mas a pessoa fica sonhando, acha que é fácil, que daqui a pouco ganha na loteria. Existe essa loteria horrível do próprio governo, que faz as pessoas gastarem dinheiro para um ganhar e não sei quantos milhões perderem. Eu nem sei como essas apostas eletrônicas funcionam, mas sei que as pessoas se endividam, tomam dinheiro emprestado, criam o vício e isso acaba até em suicídio. Deixo aqui o alerta de quem nunca jogou e nunca perdeu, sempre ganhou.

FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/alexandre-garcia/todos-contra-os-pacotes-de-aumento-de-impostos/

Musk recua e diz que foi “longe demais” em críticas a Trump

Musk criticou projeto de lei defendido por Trump e rebateu o presidente, dizendo que não teve acesso ao texto antes da tramitação na Câmara (Foto: EFE/EPA/FRANCIS CHUNG)

O bilionário Elon Musk, que teve um desentendimento público com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recuou nesta quarta-feira (11) após publicações nas redes sociais contra o governante, de quem foi um dos aliados mais próximos desde sua chegada à Casa Branca.

“Eu me arrependo de algumas das minhas postagens sobre o presidente @realDonaldTrump na semana passada. Eles foram longe demais”, escreveu Musk na rede social X, da qual é proprietário.

Até a última quinta-feira, Trump e Musk colaboraram estreitamente. O empresário sul-africano chegou a doar US$ 250 milhões para a eleição presidencial do republicano e ambos se chamaram de “amigos”.

No entanto, a saída do magnata do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) foi seguida por uma série de acusações de Musk contra Trump nas suas redes sociais.

Musk intensificou seus ataques ao megaprojeto tributário de Trump, que busca cortes significativos de impostos, e a situação finalmente explodiu quando o dono do X acusou o presidente de ocultar a “lista de Jeffrey Epstein” porque seu nome aparece entre os mencionados por esse agressor sexual de Nova York, o que desembocou em uma enxurrada de críticas pessoais.

O magnata da tecnologia, que até então através do seu apoio a Trump continuou a transformação da valorização de suas empresas, sugeriu que desmantelaria a nave espacial SpaceX Dragon da Nasa, mas cinco horas depois voltou atrás e também apagou a mensagem que ligava Trump a Epstein.

Por sua vez, Trump ameaçou cancelar os contratos multimilionários que as empresas de Musk têm com a Casa Branca e afirmou que não falará com o dono da X “por um tempo”.

De acordo com o jornal The New York Times, as empresas de Musk se beneficiarão de pelo menos US$ 3 bilhões por meio de quase 100 contratos com 17 agências diferentes, incluindo a Nasa e o Departamento de Defesa, que dependem da SpaceX para lançamentos de satélites e outros serviços.

Por outro lado, a Tesla, que perdeu US$ 152,4 bilhões em valor após o desentendimento e caiu 14% na bolsa de valores esta semana, perderá US$ 1,2 bilhão em receita anual, de acordo com o JP Morgan, se o projeto de lei tributária de Trump for finalmente concluído. 

FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/musk-diz-foi-longe-demais-criticas-trump/

Paulo Briguet

Mario Vargas Llosa e a verdade perpétua da literatura

Mario Vargas Llosa, gigante da literatura e vencedor do Nobel de 2010, morre aos 89 anos neste domingo (13). (Foto: Arild Vågen/Wikimedia Commons)

“A arte não reproduz o visível, ela torna visível.”
(Paul Klee)
Que saudade de conversar com meu pai! O tema predileto de nossas conversas era literatura; graças a ele, fui apresentado a um mundo fascinante habitado por personagens inesquecíveis como Tolstói, Dostoiévski, Kafka, Borges, Proust, Henry Miller, Shakespeare e tantos outros.

Um dos autores que discutíamos frequentemente era o peruano Mario Vargas Llosa, que morreu aos 89 anos neste Domingo de Ramos.

Em 1978, pouco antes do Natal, eu passeava com meu pai pelo Centro de São Paulo quando ele entrou numa livraria e comprou um volume de capa branca intitulado “A Orgia Perpétua”. Ao sairmos da loja, perguntei:

— Pai, o que é orgia?

Ele hesitou por um instante, mas logo disse:

— É uma festa em que as pessoas se divertem muito, bebem muito, comem muito, cometem excessos…

Não é admirável o esforço em explicar o que é orgia a um menino de 8 anos? Esse era meu pai.

Mas eu não estava satisfeito. Lancei uma segunda pergunta:

— E o que é perpétua?

Essa era mais fácil. Ele sorriu e disse com total segurança:

— Perpétua é algo que dura para sempre.

O resultado imediato dessa conversa foi que na festa de Natal de 1978, vendo todo mundo da família beber, comer e se divertir à vontade — que exagero! —, eu arrisquei um comentário:

— Nossa, que orgia!

Anos depois, na época da universidade, quando atravessava um período de depressão, li “A Orgia Perpétua” (por sinal, aquele mesmo exemplar comprado por meu pai na livraria Avenida São João). 

Digo, sem medo de errar, que foi um livro fundamental para minha trajetória de escritor. Nesse longo e impactante ensaio, Llosa mergulha no universo do romance “Madame Bovary”, de Gustave Flaubert. 

Em uma passagem particularmente memorável, o escritor confessa que a leitura de “Madame Bovary” em Paris salvou-o do suicídio. 

Essa afirmação (até por se referir a um romance em que a protagonista comete suicídio) teve grande importância para mim naquele momento.

De certo modo, posso dizer também que Llosa me ajudou a sair da depressão e dos pensamentos autodestrutivos

Após ter lido “A Orgia Perpétua”, mergulhei na obra ficcional de Mario Vargas Llosa. Comecei pelo hilariante “Tia Júlia e o Escrevinhador”, avancei pelo pouco conhecido, mas comovente “História de Mayta” (sobre um jovem destruído pela mentalidade revolucionária). 

Encarei o épico “A Guerra do Fim do Mundo” (uma fascinante reconstituição ficcional da Guerra de Canudos, em que o nosso Euclides da Cunha é personagem). 

Apreciei as memórias políticas de “Peixe na Água” (em que Llosa narra sua candidatura a presidente do Peru em 1990) e me encantei com o romance de formação “A Cidade e os Cachorros”. 

Lamentavelmente, não li “Conversa na Catedral” e “A Casa Verde” — mas pretendo fazê-lo agora. (E quando digo agora, é agora mesmo: escrevo este texto na Biblioteca Municipal de Londrina e vou fazer o empréstimo dos dois livros daqui a alguns minutos.)

Pouco antes da morte de meu pai, foi a minha vez de comprar um livro do Llosa para ele: “A Verdade das Mentiras”, uma sensacional coletânea de ensaios sobre grandes romances e novelas da literatura universal. Ah, vocês sete não imaginam como esse livro rendeu ótimas conversas com meu pai…

A abordagem de Llosa me faz lembrar uma frase atribuída a Pablo Picasso: “A arte é a mentira que nos faz ver a verdade”. Da mesma forma, livros como “Doutor Jivago”, “O Estrangeiro”, “O Grande Gatsby” e “Santuário” nos oferecem chaves simbólicas para a compreensão da realidade e o fortalecimento da alma.

Se em 1978 eu não compreendi bem o que significava a palavra orgia, em 2008 eu entendi perfeitamente o sentido da palavra perpétua.

No dia 7 de outubro de 2010, quando liguei o computador para ver as notícias do dia, levei um susto: a foto de meu pai estava na manchete do jornal. 

Olhei uma segunda vez e percebi que não era Paulo, mas era a imagem do ganhador do Prêmio Nobel de Literatura: Mario Vargas Llosa. Sim, eles eram fisicamente muito parecidos.

Espero que Paulo e Mario possam agora ter boas conversas lá na Catedral de Deus. E imagino que o assunto será a verdade perpétua da literatura.

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FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/paulo-briguet/mario-vargas-llosa-e-a-verdade-perpetua-da-literatura/

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