JERUSALÉM — A escalada de violência entre israelenses e palestinos se estendeu pela noite de terça-feira, 11, e a madrugada desta quarta, 12. Pelo menos mais 100 foguetes foram disparados da Faixa de Gaza em direção a Israel, que respondeu com bombardeios no território de maioria árabe. Ao menos 53 palestinos morreram em Gaza, incluindo 13 crianças. Serviços de saúde de Israel confirmam seis mortos, incluindo uma adolescente. O Exército de Israel afirmou ter matado 16 comandantes da cúpula das Brigadas de Al-Qassam, uma das facções armadas do Hamas.
O Hamas prometeu reagir à morte de seus líderes militares, com ataques a novos alvos militares israelenses. Pela manhã, cerca de 15 foguetes foram disparados contra a cidade de Dimona, que abriga um reator nuclear israelense. Segundo das Brigadasd e Al-Qassam, um novo ataque deve ocorrer por volta do meio dia (horário de Brasília).
Mesmo enquanto ataques aéreos eram lançados e sirenes de ataque aéreo soavam, cidadãos palestinos de Israel corriam para as ruas, incendiando carros e entrando em confronto com a polícia em cenas que relembraram revoltas violentas que abalaram o país décadas atrás. “Não vimos esse tipo de violência desde outubro de 2000”, disse o chefe da polícia de Israel, Kobi Shabtai, referindo-se às manifestações árabes no início da segunda intifada, ou levante em massa palestino.
Na terça-feira à noite, pouco antes das 21h, o Hamas, grupo militante islâmico que governa a Faixa de Gaza, anunciou que lançaria foguetes em Tel-Aviv em resposta aos intensos ataques aéreos israelenses que derrubaram um prédio de 13 andares, bem como outros ataques em arranha-céus que resultaram em pelo menos três vítimas. Os militares israelenses disseram que o prédio de 13 andares abrigava escritórios de inteligência militar do Hamas e uma unidade de pesquisa e desenvolvimento de foguetes.
Em Lod, cidade próxima a Tel-Aviv, um homem de 40 anos e sua filha, de 16, morreram após a explisão de um foguete palestino que atingiu a cidade. Sirenes antiaéreas soaram nas cidades israelenses que fazem fronteira com Gaza, como na parte sul da cidade de Beersheva e na área metropolitana de Tel Aviv. “As crianças escaparam do coronavírus e agora vivem um novo trauma”, disse uma mulher israelense da cidade costeira de Ashkelon a uma emissora de televisão.
Foguetes contra Israel
Mais de mil foguetes foram disparados por grupos palestinos contra Israel desde que teve início a pior escalada de tensão entre árabes e judeus dos últimos anos. Destes, cerca de 850 atingiram o alvo ou foram interceptados pelo sistema de defesa antiaérea israelense, o Domo de Ferro, enquanto outros 200 falharam e caíram na própria Faixa de Gaza, segundo o porta-voz do exército de Israel, Jonathan Conricus.
“Residentes de Gaza, vocês estão vivenciando esta operação militar porque as organizações terroristas optaram novamente por colocá-los na linha de fogo”, disseram militares israelenses em um post no Facebook. “Fique longe deles. Fique longe dos locais onde atuam. Protejam-se e protejam suas famílias.”
Na manhã de quarta-feira, o Exército israelense instruiu todos os residentes, incluindo fazendeiros, que vivem em um raio de 2,5 milhas de Gaza, a permanecerem temporariamente em suas casas, com medo de que o Hamas possa usar foguetes de curto alcance, foguetes de fogo direto ou atiradores para atacar civis. Os militares israelenses também expressaram preocupação de que o Hamas usaria túneis para se infiltrar no território israelense, apesar de um sistema de sensor subterrâneo recém-construído projetado para prevenir tais incursões.
Ataques aéreos em Gaza
A retaliação adotada pelo governo do premiê Binyamin Netanyahu, até então, tem se dado por ataques aéreos. Logo após o amanhecer desta quarta-feira, Israel lançou uma ofensiva aérea. Os principais alvos foram instalações policiais e de segurança. Testemunhas relatam que a cidade de Gaza foi tomada por uma espessa parede de fumaça cinza. O Ministério do Interior controlado pelo grupo palestino Hamas afirmou que os ataques destruíram o complexo que formava o quartel-general da polícia da cidade.
Uma mãe de quatro filhos em Gaza, Samah Haboub, disse que foi arremessada para o outro lado do cômodo em que estava no momento em que a cidade foi atingida, e descreveu um “momento de horror”. Ela e seus filhos, que têm de três a 14 anos, dizem ter descido correndo as escadas de seu apartamento junto de outros moradores, muitos deles gritando e chorando. “Quase não há lugar seguro em Gaza”, disse ela.
“Israel enlouqueceu”, disse um homem em uma rua de Gaza, enquanto as pessoas saíam correndo de suas casas em meio às explosões que abalavam a cidade.
Embora a violência venha sendo amplamente condenada por líderes e entidades internacionais, incluindo a Organização das Nações Unidas (ONU) e a União Europeia, não há sinais de que qualquer um dos lados esteja disposto a recuar. Em vez disso, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu prometeu expandir a ofensiva, afirmando que o conflito “vai levar tempo”.
Possíveis crimes de guerra
Na manhã de quarta-feira, a procuradora-chefe do Tribunal Penal Internacional (TPI), Fatou Bensouda, disse via Twitter que está preocupada com a possibilidade de que crimes de guerra estejam sendo cometidos na Cisjordânia nos últimos dias.
“Observo com grande preocupação a escalada da violência na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, bem como dentro e ao redor de Gaza, e a possível prática de crimes sob o Estatuto de Roma”, escreveu.
#ICC Prosecutor #FatouBensouda on the recent escalation of violence in #Gaza, the #WestBank, including #EastJerusalem ⤵️ pic.twitter.com/jZlns3d92I — Int’l Criminal Court (@IntlCrimCourt) May 12, 2021
Estabelecido pelo Estatuto de Roma em 2002, o TPI é um tribunal de último recurso para julgar crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio quando um país é incapaz ou se nega a fazê-lo. “Meu escritório continuará monitorando os desenvolvimentos no local e levará em consideração qualquer assunto que seja de nossa jurisdição”, disse Bensouda./AFP, AP, EFE, Reuters e W.POST
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